Olá!
Aproveitando que acabei de cobrir o festival musical 10º Bourbon Street Fest em São Paulo, vou fazer um breve relato de como tratei um das muitas fotos que fiz durante a semana. E vou começar contando um pouco sobre o músico que aparece nestas imagens de exemplo: Dwayne Dopsie. Ele é um dos músicos proeminentes da geração atual de Nova Orleans, e toca um estilo de música super rápida e dançante chamada de Zydeco. Só para ter uma idéia do que ele é capaz de causar em uma platéia, dá uma olhada no que ele aprontou no último dia do festival, ao descer do palco e correr para o meio das pessoas!
Começando
Vou descrever um pouco cada passo que fiz para ir da versão colorida acima para a PB do lado. Mas esses passos mudam um pouco a cada imagem, claro. Acho que dará pra ter uma idéia do processo em geral. E posso fazer com outras imagens no futuro. Vamos lá!
Antes de tudo, é importante partir de uma boa imagem colorida. Não vou entrar em detalhes aqui sobre o tratamento da foto colorida. Mas é importante que ela esteja já “arrumada” em termos de densidade e cor. Você pode utilizar as ferramentas do Lightroom ou Photoshop para clarear e escurecer algumas áreas, se necessário. Apenas deixe mais próximo do que gostaria.
E “gostaria” é uma palavra-chave. É muito importante que ao invés de começar a mexer aleatóriamente os “sliders”, que você pense sobre o que você gostaria de fazer na foto, mesmo sem saber como. Uma coisa que eu sempre tenho em mente é a hierarquia dos elementos da imagem. Você precisa dar uma ordem de importância aos elementos, e você pode fazer isso usando o quão claro ou escuro ele é ou também seu tamanho e posicionamento. Vou retomar isso ao longo do texto.
Ok, segue a imagem recém aberta no Photoshop CS5 (versão 12.1). Você pode ver uma palheta de ferramenta diferente entre a imagem e as palhetas originais do Photoshop, é a Nik Selective Tool pela qual eu acesso rapidamente os plug-ins da Nik Software.
Poisé! Não vou usar o Photoshop para fazer esta edição, vou usar os plug-ins da Nik Software. Eu sempre gostei do laboratório químico e por anos eu revelei e ampliei em papel fibra 50x60cm (gelatina de prata) as diversas fotos que agora podem ser vistas nas paredes do Bourbon Street Music Club. Mas o digital veio, os suprimentos para PB passaram por uma fase de quase extinção no Brasil, e acabei indo pro digital. Minhas primeiras fotos digitais em PB eram feitas no Photoshop com vários passos, inclusive com um jeito todo avançado de se fazer um grão falso para cobrir o ruído digital. Depois, veio o Lightroom com seu simulador de PB e grão, ótimo! Mas a solução veio mesmo com o plug-in Silver Efex Pro da Nik Software.
Para esta imagem, eu vou usar uma sequência de plug-ins, todos da Nik. O primeiro é um redutor de ruídos chamado Dfine. Eu costumo usá-lo no lugar da solução do Adobe Camera Raw sempre que desejo ter um pouco mais de controle. Eu abro a imagem no plug-in clicando em seu nome na palheta da Nik. A imagem já abre e o processo de identificação de ruído começa. Na próxima foto, a imagem já analisada. Essa linha vermelha é um dos modos de visualização “antes e depois”. Do lado esquerdo é “antes”.
Como eu achei que a redução passou um pouco do ponto, eu dei uma ajustada em seu “efeito” clicando na aba Reduce. É possível ajustar a intensidade da redução no canal de cor e no de contraste.
Ao clicar OK, voltamos ao Photoshop. A imagem com o efeito do plug-in aplicado “volta” ao Photoshop como uma camada (ou layer). Isto pode ter diversas vantagens para quem sabe mexer com as camadas. Inclusive pode-se usar o recurso dos Smart Filter.
O próximo passo é um preciosismo e não é obrigatório. Vou passar por um plug-in para aumentar a nitidez chamado Sharpener Pro. Ele pode ser usado em dois momentos, como um ajuste final da imagem quando já se sabe como ela será apresentada (impressa, em tela, etc.) ou como um passo anterior a todo o processo de edição.
Tá certo, vamos para o que interessa! O próximo passo e dar um OK no Sharpener Pro e abrir a imagem no Silver Efex Pro.
Você pode ver do lado esquerdo da imagem há uma janela onde o programa mostra os pré-ajustes (presets). Estes são padrões mas também podem ser criados. Eu sempre dou uma olhada nas pequenas pré-visualizações que já mostram como a foto ficará com o respectivo preset. Neste caso, eu gostei de cara de um preset chamado de “push-processing”. Coincidentemente ou não, imita um processo muito comum quando se utliza filme para fotografar shows. Resolvi usá-lo como ponto inicial por conveniência mas pode-se também escolher o ajuste “neutro” inicial e fazer tudo desde o zero.
Ao colocar em 100% de zoom e utilizando o recurso da linha vermelha, dá pra ver os ajustes do programa fazendo efeito. O preset que escolhi já deu um contraste bom e um grão bonito. Tudo isso pode ser mudado ou feito do começo. Os recursos de emulação de filme chegam a emular todas as características de filmes famosos!
Agora eu tenho já uma imagem bem bonita em PB e poderia parar por aqui. Mas agora é o ajuste fino mas muito importante. É agora que vou tentar dar mais destaque para algumas partes e tirar a atenção de outras. Vou fazer isso clareando e escurecendo as partes. Em geral, as coisas mais claras chamam mais a atenção. Assim, vou deixar o músico e seu instrumento mais claro e as demais coisas do fundo um pouco mais escuras e discretas.
A seguir, tem uma série de capturas de telas onde se ver a aplicação de “pontos de controle” (control points), as bolinhas amarelas que você vê nas imagens. São com eles que eu consigo fazer ajustes localizados só nas partes que quero. O ponto de controle tenta identificar o objeto onde você o colocou e só deixar o efeito atuar nele.
Do ponto de controle, você vê uma série de sliders de ajustes. A seguir, eu coloquei um ponto no acordeão e aumentei o slider de brilho para tornar a região mais clara.
Na próxima imagem é possível ver que eu mudei o fundo da janela para preto. Dá pra mudar o fundo pra vários tons de cinza, do preto ao branco. Eu acho útil observar como a imagem fica com fundos diferentes para poder avaliar melhor se ela está com o brilho e contraste certos. Eu aproveitei e mexi um pouco nos ajuste globais, ou seja ajustes que mudam a imagem toda. Eu ajustei o Brilho (brightness), e aumentei um pouco a Estrutura (structure). Este segundo ajuste eu não sei qual é a explicação oficial, mas ele é algo como um aumento de contras/nitidez que o resultado é um aumento da visibilidade das texturas. Um vício, use com moderação… …se conseguir.
Bom, continuei adicionando alguns pontos para aumentar o brilho de algumas áreas. Também reajustei pontos que já havia mexido. Isso é possivel clicando novamente no ponto amarelo que você quer arrumar, os sliders se abrem novamente.
Agora vamos para mais alguns detalhes importantes: tapar furos. Nos lugares onde a imagem chegou em um “branco 100%” o programa não consegue aplicar o lindo grão e o local fica com um aspecto estranho e muito diferente de todo o resto. Fica um furo branco. Para resolver, vou usar um recurso do programa para identificar os locais “furados” e depois aplicar um ponto de controle para diminuir um pouco o brilho e o programa conseguir aplicar a textura de grão.
Para quem estudou o “Sistema de Zonas” do grande fotógrafo e guru Ansel Adams, vai achar isso bem legal. No canto direito inferior, existe uma pequena escala de cinza com dez quadradinhos numerados de 1 a 10. Sim, são as 10 zonas! Clicando no quadrado 10, o programa faz finas linhas pretas nas regiões da zona escolhida. Assim é facil achar os locais que precisam de atencão.
Já estou bem satisfeito com os ajustes. É hora de um antes/depois no processo todo. É só clicar na terceira opção de modo de visualização lá no canto superior esquerdo.
Acho importante essa visualização final para avaliar o que todos os ajustes fizeram com a imagem. Ás vezes percebo que perdi algum elemento legal da imagem e refaço algum ajuste. Você também pode comparar com a imagem original colorida pra conferir se algo não se perdeu na conversão. No canto esquerdo superior, clique no terceiro ícone (esq. pra dir.) e o histórico irá aparecer. Suba a flecha amarela até o topo da lista para comparar com a imagem original.
A última coisa que eu quero fazer é cortar um pouco a imagem. Ao reduzir um pouco o enquadramento, eu me livro do espaço vazio acima e da lateral esquerda que eu ainda acho um pouco clara demais. Ao fazer isso, a relação de tamanho dos elementos também muda e eu consigo modificar ainda mais a hierarquia da imagem e dar mais ênfase ao músico. Eu normalmente faria o corte (crop) pelo Lightroom para ter mais versatilidade, mas vou mostrar pelo Photoshop só para continuar nele durante esse tutorial.
É isso! Por incrível que pareça, eu simplifiquei um pouco o processo para não dar escoliose para ninguém de ficar na frente do computador. O processo, depois de entendido, é rápido e intuitivo. É bem gostoso e é o que lembra mais as possibilidades do processo químico tradicional. Espero que sirva de dica para suas imagens.
Não esqueçam de conferir o trabalho do Dwayne Dopsie and the Zydeco Hellraisers!
Abraços,
Roger
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